“Charlas & Reculutas – Contos, causos e versos incluindo os premiados em Enart” é o livro de estreia de César Tomazzini. Editado pela Pragmatha, ele reúne uma coleção de narrativas, em prosa e verso, que canta a beleza e a sagacidade da vida simples do campo. Ambientada principalmente no interior do Rio Grande do Sul, a obra também verte um sem número de sentimentos que embala as histórias pessoais e de um povo. Nesta entrevista, Tomazzini fala um pouco sobre seu trabalho, que com frequência recebe premiações no Enart – Encontro de Artes e Tradição Gaúcha, que é reconhecido como o maior festival de arte amadora da América Latina.
Como surgiu a ideia do livro?
A ideia do livro, na verdade é um anseio antigo não só meu mas dos amigos, que perceberam que eu escrevia e passaram a incentivar.
Qual seu objetivo com a obra?
A partir da ideia de escrever já foi estabelecido o seu objetivo: juntar na mesma obra causos, contos e poemas, mostrando estas modalidades na forma mais original.
A que público se destina?
É aquele que se identifica ou que aprecia muito este estilo de trabalho. Mas a linguagem usada permite atingir todas as idades estes gostos. Com isso tento levar a este público, de forma lúdica, uma introspecção ao cotidiano regionalista.
O que a literatura representa na sua vida?
A literatura é uma “arte” que sempre me fascinou desde os tempos de “ginásio”. Sempre gostei de escrever e ler. Depois conheci e prontamente passei a fazer parte da Estância da Poesia Crioula, então me senti no lugar que sempre quis estar, ligado diretamente à literatura, principalmente a regional. E a literatura passou a ser minha principal ocupação nestes anos de aposentadoria do serviço público.
Na sua opinião, é possível ‘aprender a escrever’ ou se trata mais de um dom que nasce com o sujeito?
A prender a escrever não, pois todos nós desde as séries iniciais de escola temos esta doutrina bem exigida dos educadores. Vale lembrar que a redação é um quesito eliminatório há muito nos vestibulares e tantas outras provas de concursos etc. Quanto ao dom, eu diria que se trata apenas de gostar e aperfeiçoar. Colocar nas entrelinhas seu sentimento, sua criatividade, sua inspiração e imaginação.
Você escreve tanto prosa quanto poesia. Ambos fluem bem ou algum é mais desafiador?
Tanto a prosa como a poesia não são, para mim, coisas fáceis de escrever. Considero desafiador colocar no papel minhas imaginações e emoções quando tenho que buscar isso do nada. Porém, quando as coloco de forma automática, à medida que surgem na minha inspiração, isso deixa de ser um desafio. Também há de se levar em conta que cada escritor tem um estilo. Eu sou meio perfeccionista, em se tratando de poemas eu não consigo fugir da rima, meus versos sempre têm rima, e isso dificulta às vezes, pois exige um vocabulário mais rebuscado e uma inspiração voltada ao lirismo. Então neste caso considero o poema mais desafiador.
Você é otimista com relação ao futuro da leitura e do livro no Brasil?
O futuro da leitura está nas mãos de escritores, poetas, cronistas e principalmente nas dos educadores. Os primeiros por serem os criadores de textos e livros, que devam buscar levar ao público leitor uma releitura dos fatos e histórias, fazendo com que a leitura passe a ser consumida de forma a acrescentar conhecimentos além do entretenimento. O segundo por ser responsável pelo incentivo à leitura na formação dos educandos, fazendo deste incentivo um hábito e consequente gosto por ler. Desta forma eu sou otimista, acreditando que temos no Brasil uma geração que ainda lê muito.